Aos Mestres, com carinho!

Aos Mestres, com carinho!
Drummond, Vinícius, Bandeira, Quintana e Mendes Campos

quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Eu, dona de mim

Resultado de imagem para pegamos o poema pela beca

Para refletir (27)

Resultado de imagem para karl marx
Karl Marx

"Os donos do capital incentivarão a classe trabalhadora a adquirir, cada vez mais, bens caros, casas e tecnologia, impulsionando-a cada vez mais ao caro endividamento, até que sua dívida se torne insuportável."

(Karl Marx, filósofo, sociólogo, jornalista e revolucionário socialista alemão)

R.E.M. - "Losing My Religion"

terça-feira, 30 de agosto de 2016

Fênix, poema de Mariana Lima de Almeida

Uma vez mais, poema de Velimir Khlébnikov

Resultado de imagem para QUEM FOI VELIMIR KHLÉBNIKOV

Uma vez mais, uma vez mais
Sou para você
Uma estrela.
Ai do marujo que tomar
O ângulo errado de marear
Por uma estrela:
Ele se despedaçará nas rochas,
Nos bancos sob o mar.
Ai de você, por tomar
O ângulo errado de amar
Comigo: você
Vai se despedaçar nas rochas
E as rochas hão de rir
Por fim
Como você riu
De mim.

Velimir Khlébnikov

Tradução de Augusto de Campos

Para refletir (26)


Elvis Presley - "Proud Mary"

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Fiat lux

Para refletir (25)

Resultado de imagem para Albert Camus
Albert Camus

Antigamente os filósofos pensavam mais do que liam. Por isso se apegavam tanto ao concreto. A mídia mudou tudo isso. Ouve-se mais do que se pensa. Atualmente não temos filosofia, apenas comentários.

(Albert Camus, escritor e filósofo francês)

FRIGIDEZ DE DAFNE, poema de Talis Andrade

Talis Andrade

Insensibilizado corpo
de Dafne
 
O coração atingido
por uma flecha
uma flecha
com ponta de chumbo
 
Uma flecha de ponta
rombuda
de envenenado chumbo
frio e invernal
 
Insensibilizado corpo
insensibilizado coração
Um coração que não ama
um coração que não sangra
bate no peito
de um morto 



Talis Andrade

Via Talis Andrade

OFC | Johannes Brahms: "Dança Húngara N.5"

domingo, 28 de agosto de 2016

O Coro de Fúrias, poema de Basil Bunting

Resultado de imagem para Basil Bunting

Guarda mi disse, le feroce Erine

Desçamos-lhe então como num sonho, antes,
tripla e anônima presença;
memória-substância que o coração derrote:
e óbvias no Agora desperto, o instante
parece a esta vida sua essência,
tumba ao toque humano, a si um Iscariotes.
Desprezará a contínua carícia do ano,
sem esperança de divórcio,
invejando a apatia idiota ou o dano
de um tão claro remorso.
Aceitará meia-vida para que a tensão
de sua mente alerta
não chame os demônios ou nova aparição
com más ofertas.
Encolherá; virilidade, frágil zelo,
pele de esfolado: desespero.
Aninhará seu terror, paciente
e incerto de alívio na morte,
impotente contra a forte
dispersão da alma, dissolução da mente.

Rita Lee - "Erva venenosa"

The Coasters - "Poison Ivy"

É preciso sair da ilha

sábado, 27 de agosto de 2016

E por falar em impeachment...

Havia noites em que, poema de Carlos Maia

 
Havia noites em que
A porta ficava aberta,
E podíamos vislumbrar
Na penumbra
A cidade mergulhada na neblina.
Havia noites em que
A porta aberta
Saíamos na chuva
Pelas ladeiras de Olinda.
Havia noites
Em que a tristeza
Era uma mera
Lembrança,
Perdida
Nos confins da infância,
Entre mangueiras
E atiradeiras.
Havia noites
Em que pairava
Como uma gaivota,
A eternidade do momento.


Titãs - "Marvin"

Clarence Carter - "Patches"

sexta-feira, 26 de agosto de 2016

100% Jesus

O que disse o presidente a Tom, poema de Basil Bunting

Resultado de imagem para Basil Bunting 

Poesia? É um passatempo.
Eu brinco com miniaturas.
Mr. Shaw cria pombos.

Não é um trabalho. Você não sua
a camisola. E não recebe por isso.
Você poderia anunciar sabão.

A ópera, isso é arte! ou a opereta -
A Canção do Deserto.
Nancy estava no coro.

Mas pedir doze libras por semana -
casado, não é?-
você tem coragem.

Como poderia olhar a cara
de um cobrador de autocarro
se lhe pagasse doze libras?

De resto, quem diz que isso é poesia?
Meu filho de dez anos
pode fazer uma, e rimar.

Eu ganho três mil e as despesas,
carro, planos de reforma,
mas eu sou diretor financeiro.

Eles fazem o que eu mando,
na minha empresa.
E você, o que faz ?

Palavrõezinhos, palavrões,
é doentio.
Lavo-me quando encontro um poeta.

Eles são Comunas, viciosos,
todos delinquentes.
O que você escreve é disparate.

Assim diz o senhor Hines, e ele é professor,
tem obrigação de saber.
Vá mas é arranjar trabalho.


Basil Bunting

(
Tradução: J.T.Parreira)

Skank - "Tanto"

Bob Dylan - "I want you"

quinta-feira, 25 de agosto de 2016

Canta fdp

Amiga, poema de Florbela Espanca


Deixa-me ser a tua amiga, Amor,
A tua amiga só, já que não queres
Que pelo teu amor seja a melhor
A mais triste de todas as mulheres.

Que só, de ti, me venha magoa e dor
O que me importa a mim? O que quiseres
É sempre um sonho bom! Seja o que for,
Bendito sejas tu por mo dizeres!

Beijá-me as mãos, Amor, devagarinho...
Como se os dois nascêssemos irmãos,
Aves cantando, ao sol, no mesmo ninho...

Beija-mas bem!... Que fantasia louca
Guardar assim, fechados, nestas mãos,
Os beijos que sonhei pra minha boca!...

Baiano e os Novos Caetanos - "Vô Batê Pá Tu"

quarta-feira, 24 de agosto de 2016

RPI Toots Thielemans - "Bluesette"

Bukowshi atualíssimo

Bukowski-Imagem-2

O POEMA, poesia de Itárcio Ferreira

Ajuda — Stock Photo #78935710

O poema não resgata
a vida a ninguém,
primeiro postulado.

No entanto o fazemos
por amor, por saudade,
para homenagear, para
criticar,
com a esperança
de que modifique o mundo,
senão a algumas pessoas
iluminadas,
senão a quem o faz: o poeta. 

O porquê
não o sabemos,
e, no entanto, cotidianamente,
pegamos o poema pela beca,
aprisionamo-lo no papel,
na memória,
com algum sentido,
isto é certo.

Led Zeppelin - "Houses Of The Holy"

terça-feira, 23 de agosto de 2016

Café da Manhã, por Caio Fernando Abreu


"E ler, ler é alimento de quem escreve. Várias vezes você me disse que não conseguia mais ler. Que não gostava mais de ler. Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta. E eu acho — e posso estar enganado — que é isso que você não tá conseguindo fazer. Como é que é? Vai ficar com essa náusea seca a vida toda? E não fique esperando que alguém faça isso por você. Ocê sabe, na hora do porre brabo, não há nenhum dedo alheio disposto a entrar na garganta da gente."

(Carta ao Zézim, 22 de dezembro de 1979)

Meu sonho de consumo

segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Malditos pixadores!

O azul é assim mesmo..., poema de Jan Oliveira

 

O azul é assim mesmo...
as vezes se veste de lamento
as vezes com o vento
vem nos corrigir...
O azul é nosso cais
e sempre nos espera...
Se hoje, cinza é o tempo,
amanhã nosso barco
vai chegar...
lento...
e devagar..

A ESPERANÇA, poema de Vladimir Maiakovski



Injeta sangue no meu coração, enche-me até o bordo das veias!
Mete-me no crânio pensamentos!
Não vivi até o fim o meu bocado terrestre,
sobre a terra
não vivi o meu bocado de amor. Eu era gigante de porte, mas para que este tamanho?
Para tal trabalho basta uma polegada.
Com um toco de pena, eu rabiscava papel,
num canto do quarto, encolhido,
como um par de óculos dobrado dentro do estojo.
Mas tudo que quiserdes eu farei de graça:
esfregar,
lavar,
escovar,
flanar,
montar guarda.
Posso, se vos agradar, servir-vos de porteiro.
Há, entre vós, bastante porteiros?
Eu era um tipo alegre,
mas que fazer da alegria,
quando a dor é um rio sem vau?
Em nossos dias,
se os dentes vos mostrarem não é senão para vos morder ou dilacerar. O que quer que aconteça,
nas aflições,
pesar...
Chamai-me! Um sujeito engraçado pode ser útil. Eu vos proporei charadas, hipérboles e alegorias, malabares dar-vos-ei em versos. Eu amei... mas é melhor não mexer nisso. Te sentes mal?

Elis Regina - "Deus lhe Pague"

sábado, 20 de agosto de 2016

Para refletir (24)

Wilhelm Reich

"O prazer de estar vivo e o prazer do orgasmo são idênticos... Deus é o processo de vida, que em nenhum lugar se expressa tão claramente como na descarga orgástica."

(Wilhelm Reich, médico e psicanalista ucraniano)

Consciência de Classe

Humildade, poema de Mauro Mota


Resultado de imagem para mauro mota

Que a voz do poeta nunca se levante
para ter ressonâncias nas alturas.
Que o canto, das contidas amarguras,
somente seja a gota transbordante.
Que ele, através das solidões escuras
do ser, deslize no preciso instante.
Saia da avena do pastor errante,
sem aplausos buscar de outras criaturas.

Que o canto simples, natural, rebente,
água da fonte límpida, do fundo
da alma, de amor e de humildade cheio.

Que o canto glorificará somente
a origem, quando mais ninguém no mundo
saiba ele de quem foi ou de onde veio.


Mauro Mota

Marcos Assumpção - "Deus lhe pague"

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Tradutor de chuvas, poema de Mia Couto


Um lenço branco
apaga o céu.

A fala da asa
vai traduzindo chuvas:
Não há adeus
no idioma das aves.

O mundo voa
e apenas o poeta
faz companhia ao chão.

Mia Couto

Para refletir (23)

Thorstein Veblen

"Em nenhuma fase cultural conhecida os dons de bondade e compaixão favorecem a vida do indivíduo. Pode-se dizer que a falta de escrúpulos, de comiseração e de honestidade contribui para aumentar o êxito do indivíduo na cultura pecuniária. As pessoas que tiveram maior êxito em todas as épocas têm sido desse tipo."

(Thorstein Veblen, economista e sociólogo estadunidense)

Quinteto Violado - "Pra não dizer que não falei das flores"

quinta-feira, 18 de agosto de 2016

Prova de amor

02 poemas de Carlos Maia

Resultado de imagem para POETA CARLOS MAIA


O homem com as suas
Máquinas possantes
Distancia-se
A cada dia mais
Do próprio homem
E anda perdido em whatsapp’s,
facebook's, e-mail's e internet
E não vê mais o amigo
Face a face!

*****

A seriedade
Dos homens de plástico
Que leem jornais
E não veem
Os Ipês roxos
Floridos
Da Agamenon Magalhães
Esmaga
Todo o cotidiano!

Luisa Maita - "É Com Esse Que Eu Vou" (Cantoras do Brasil)

quarta-feira, 17 de agosto de 2016

Por que estudamos história?

CONQUISTA, poema de Itárcio Ferreira

 

Primeiro espreito-a, de longe,
folha branca sobre a mesa,
feito neve,
pele macia de mulher.

Depois,
a caneta deixada ao seu lado,
como quem não quer nada,
displicentemente.

Em outro momento,
a caneta já à mão,
o olhar sobre a folha em branco
se aprofunda, impaciente, ansioso.

Inquietante,
a mente busca decifrar
em sua brancura
as formas do poema.

Aos poucos o poema nasce:
primeiro a idéia, depois as palavras,
as frases, as estrofes.

E o poema alegra a folha
e a vida do poeta,
da mesma maneira que um filho
alegra a família
ou a morte a alma prisioneira.


Visitem o blog do poeta: Itárcio Ferreira, poemas